quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Sometimes a certain song falls right into our ears. Like it's claiming to be noticed...
It has happenned to me quite a bit and I've decided that from now on I'll register it, because I always thought life was worth to have a soundtrack.
Wouldn't that be perfect?

Here it goes, this one came to me sporadically a couple of weeks ago

That’s what I say, it’s not what I mean - Feist


Here I am, hopeful again
I can’t say when
I wasn’t this way

Don’t need to worry about me
That’s what I say
It’s not what I mean
That’s what I say
It’s not what I mean

Here I am, swinging alone
A timeframe surrounds the pictures I hold
But they don’t hold up well
Started to wonder if I fell in love with you at all
If I fell in love with you at all

And when will a time come
I could hear a sad love song, that doesn’t speak to me
And when will a time come
I could sing a nice love song, using thou me

Here I am, walking away
My head‘s held high
What’s the use gettin’ down
Because all that I wanted is here
I just kept the ground, close to my ears
I just kept the ground, close to my ears

And when will a time come
When will it come

domingo, 1 de agosto de 2010

Quando há um porém


Havia dias que Karenin acordava com o mesmo problema em sua mente. Aquela bombinha que “tictateava” sem parar fazendo-a pensar: “Às vezes os problemas estão à minha frente implorando para serem vistos e eu insisto em ignorá-los”. Ela sabia que a culpa era de seu subconsciente que persistia em dizer que a negligência iria fazê-los desaparecer. Que se fazer de desentendida podia, de alguma forma, esclarecer tudo, resolver tudo, modificar tudo. Não conseguia lutar contra isso.
Sabia que as coisas estavam se acumulando e começavam a ser exatamente o que aparentavam. Cada passo, cada palavra, cada gesto tinham significados que só a mente alheia imaginava, e pelos quais ela se torturava só em pensar. Karenin já não sabia como reagir.
Foi quando a bombinha parou de “tictatear”. E agora? Agora restava ser sincera, restava esclarecer cada palavra, restava sobreviver e aceitar a sua própria crueldade. Restava auto-preservação.
Egoísmo? Não – pensa Karenin. Pior seria enganar. Pior seria aceitar para agradar. Cruel mesmo seria deixar correr e levar adiante, com medo de ter que desiludir alguém e acabar por iludir ainda mais. Viver de ilusões é degradante.
É mais fácil virar uma página em branco do que apagar todo um capítulo. Ela repetia isso com insistência em sua mente. Não se devem escrever capítulos se não for de coração, pois palavras sinceras não brotam de farsas, por mais que se tenha boa vontade ao dizê-las. E muitas vezes se tem.
Quem se importa é sincero. Assim, Karenin estava pronta para aceitar sua crueldade. Aceitar enxergá-la como um egoísmo com fins altruístas, por mais insano que parecesse para si, e por mais surpreendente que fosse para os outros. Não se foge da verdade. E a verdade, por mais cruel que seja é justa.
Karenin tentava dormir em paz, sonhando que um dia o outro também pudesse fazê-lo e pudesse entender. Aceitar as condições. Como certa vez ela aceitara.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Os ímpares


Um dia eu estava levando uma amiga para casa e ela me pediu para mudar o volume do som:

- Vou colocar no 10 rapidinho viu?

Eu, que pensava que o som estava alto demais concordei e fiz um comentário de como não gosto de ouvir música muito alta. Ela disse:

- Não, não. É que os números ímpares não são legais. Acho melhor deixar no par.

Comecei a refletir sobre essa constatação. Por que será que as pessoas preferem os pares? Será um tic nervoso, tipo quase um TOC? Será uma questão de simetria? Ou simplesmente é o subconsciente que diz que para tudo tem que haver um correspondente?

Eu não. Eu sempre gostei dos ímpares. Quando tinha sete anos descobri o quanto gostava desse número. Tinha até o escolhido para ser o meu número da sorte. Pena que ele não me escolheu.

Para mim sempre houve um admirável ar de independência nos ímpares. Lembro-me de quando conheci os números primos na aula de matemática. Não lembro o dia ou série com precisão, mas lembro de como a palavra soou aos meus ouvidos. PRIMOS. Que denominação mais estranha para números! Por que seria? Haveria alguma analogia? Os primos são sempre ímpares e não se relacionam com ninguém a não ser consigo e com e o número 1. Quando descobri que o sete era primo então...

Os pares sempre me pareceram sem sal, previsíveis até. Predestinados a cumprir as funções de multiplicar e dividir os outros em partes iguais. Boa filosofia de vida essa, mas sem graça.

Desde então, tudo tinha que ser ímpar para mim a não ser as notas na escola. O que quero dizer é que usava inclusive a palavra ímpar e seus sinônimos como adjetivos em meus textos. Ímpar, singular, único.

Eu me achava pertencente ao grupo dos ímpares. Queria ser. Tinha orgulho. Mas com o passar do tempo (e no decorrer desse texto) percebi que os ímpares, os primos principalmente, estão designados à solidão. Só sabem se relacionar com poucos, enquanto os pares são versáteis e tem sempre mais do que duas possibilidades.

É muito bonito dizer "fui criado para ser de um só", mas é triste de viver. Descobri então a predestinação dos ímpares, a sua exclusividade e dependência de outrem. A inferioridade de existir só para completar a sequência de pares felizes.

Como enganam as primeiras impressões. Senti pena. Pena de mim mesma inclusive. Sofri. Desencantei.

sábado, 26 de junho de 2010

Tardes vazias


Sabe esses dias com tardes vazias? Dessas que te fazem ir à janela, olhar o nada só por olhar?

São nessas tardes que ela tem seus maiores devaneios. Começa a divagar sobre o foi, não foi e será.

É nesse fim de dia que ela se perde sem rumo em contradições que não consegue entender. Procura as perguntas para as respostas que já tem e que nem sabe de onde vieram. Mas por que?

Cabeça confusa e desnorteada, essa. Sorte que esse fim de tarde vazia dura pouco. Senão, capaz seria ela de perder rumo total em meio a tantos pensamentos, desses sem graça que o intelecto adulto não deixa escapar. Ou seriam fantasias? Será?

Será que não era isso que faltava? Ah, se esse fim de tarde vazia fosse "não-efêmero". Nem é possível prever até onde ela iria.

Amanhã ela estará de novo a espreitar a mesma janela. Quem sabe até quando...

Talvez quando encontrar a pergunta certa para a resposta que não quer calar.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

E daí?


E daí se eu não for a mais culta? Se não souber a melhor palavra da melhor frase, do melhor livro, da melhor música, do melhor filme?

E daí se eu não conheço as técnicas, os procedimentos, os termos, a burocracia?

E daí?

Pelo menos eu sei de encantos, de sonhos, de planos. Sei de prantos, de sorrisos. Sei daquilo que os meus olhos podem ver e um pouco mais além.

E daí? E se for o contrário? E daí? A complexidade de ser é cruel... É melhor deixar de devaneios.